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As Tensões e a Linguagem Corporal

Quando nos desequilibramos, um dos primeiros tipos de sinais são as sensações de tensão, de desconforto, como por exemplo, as tensões dorsais, as dificuldades digestivas, os pesadelos, os mal-estares físicos ou um mal-estar psicológico, além de instabilidade emocional. Estamos no estágio “normal” de expressão da tensão interior.

O inconsciente faz uso de uma sensação fisiológica, psicológica ou emocional para exprimir o que se passa. É o Mestre ou Guia interior que bate na janela da carruagem para fazer sinal e dizer ao cocheiro que algo não vai bem (caminho errado, condução desconfortável ou perigosa, cansaço, necessidade de determinar exatamente o lugar onde está, reduzir a velocidade, etc.). Se a pessoa estiver “aberta”, pronta para compreender e aceitar a mensagem no nível do seu consciente, ela efetuará as mudanças comportamentais necessárias e as tensões desaparecerão. Quanto mais o indivíduo houver trabalhado a sua própria pessoa e estiver em coerência consigo mesmo e com as partes mais sutis e mais poderosas de si próprio (inconsciente), mais sensível e mais capaz ele será de perceber e receber as mensagens do primeiro tipo e de compreendê-las. Havendo chegado a determinado nível, ele poderá mesmo preveni-las. Infelizmente, temos muita dificuldade em ser receptivos a partir desse nível. Há numerosas razões para isso, sobretudo a nossa tendência natural para o que é fácil e a nossa cultura, que separa as coisas e faz com que não saibamos mais como uni-las. Assim sendo, desenvolvemos nossa surdez interior. Este primeiro nível de mensagens é, no entanto, riquíssimo e não é o único.

Numerosos sinais também chegam até nos, vindos do nosso meio ambiente e das pessoas, particularmente através do que chamamos de “efeito espelho”, que foi retratado por Carl Gustav Jung quando ele disse: “Percebemos nos outros as outras mil facetas de nós mesmos.” A vida vai sempre nos oferecendo meios de informação e de reflexão sobre o que se passa conosco até que todas as possibilidades se esgotem. Para poder se fazer ouvir, o nosso inconsciente às vezes também recorre aos dois outros tipos de mensagens, os traumatismos e as doenças. Devido à preocupação e à necessidade de eficiência, ouso dizer que esses tipos são visivelmente mais fortes e percursores. Eles apresentam um segundo inconveniente que não deve ser negligenciado no que diz respeito às mensagens mais diretas. Os traumatismos e as doenças nunca coincidem no tempo quando o problema é a origem da tensão. Esse desajuste é proporcional à nossa surdez, à nossa incapacidade de entender as mensagens, é uma progressão. Talvez isso se deva à existência de uma sensibilidade extrema que os tornaria mais fortes ou simplesmente à nossa recusa em mudar. O desajuste é mais importante para a doença do que para o traumatismo. E é ainda maior quando se trata de tensão, ou melhor, sua significação é “recusada” especialmente porque esta atinge zonas de sensibilidade muito fortes no indivíduo. Quando ela está relacionada aos pontos chave da pessoa, seus efeitos chegam mesmo a se manifestar nos planos do consciente. Como todas as realidades energéticas do nosso mundo, a realidade humana precisa da sua base manifestada, do seu corpo físico, para poder traduzir, exprimir o que se passa no seu espaço mais profundo. É evidente para qualquer pessoa que precisamos de gestos, de palavras ou de desenhos para poder exprimir nossas ideias, nossos pensamentos, nossos sentimentos. Todos esses fenômenos intangíveis não existiriam, no sentido em que não poderiam ser percebidos, se não tivessem essa possibilidade de se manifestar. Dessa maneira e indo um pouco mais longe, o mais belo computador do mundo não teria utilidade alguma se não possuísse periféricos (tela, impressora, scanner, mouse, teclado etc.). Parece então que a consciência humana tem pouco razão de ser nesse plano sem a sua projeção materializada, que vem a ser o corpo físico. Analise profundamente seus sentimentos, pensamentos e crenças. Você tem à sua volta tudo àquilo que foi condicionado a acreditar. Muitas vezes não enxergamos o que está acontecendo conosco, mas tudo está presente no corpo e ele possui sua linguagem própria, que foi decifrada e estudada por médicos, filósofos, sábios e outros estudiosos ao longo dos tempos e nos fornece uma valiosa e ampla ferramenta de autoconhecimento e de evolução em todos os aspectos. Exemplo de algumas partes e problemas mais incidentes nas pessoas:

– PESCOÇO E OMBROS: pescoço rígido simboliza opiniões rígidas e problemas de comunicação, dificuldade em relação às cobranças alheias e autocobranças. Ombros simbolizam tudo que carregamos de responsabilidades, se houver inflamação significa não ser reconhecido pelo próprio esforço. Uma vez que os ombros são responsáveis pelas tarefas e serviços da nossa vida, tudo aquilo que visar o bloqueio dos movimentos em nosso trabalho causará uma somatização. Essas regiões são fortemente afetadas também em pessoas com dificuldade de se comunicar, de se expressar para as pessoas e para o mundo, e naquelas que se entregam à mentira ou que possuem dificuldade em falar “não” nas relações.

– MEMBROS INFERIORES: as pernas simbolizam o nosso caminho, são elas que nos levam para onde decidimos ir. Problemas nas pernas significam que seu caminho pode não estar correto ou que está sendo bloqueado por alguém ou uma situação complicada. Normalmente, quando estamos em conflito, com dúvidas ou rebeldia por não querermos mudar nosso caminho, nossas pernas somatizam, de alguma forma, esse desequilíbrio emocional. A parte superior (coxas) rege o passado, portanto simboliza sofrimentos e traumas da infância que seguramos no coração; mágoas do passado que, por alguma comparação inconsciente, estamos revivendo no presente; sentimentos antigos que não nos permitem tomar decisões. Todo pensamento ou emoção que estão nos impedindo de prosseguir abrem brechas para acidentes, problemas vasculares, dores ou qualquer outra doença nessa parte do corpo, como forma de comunicação entre o inconsciente e o consciente. A parte inferior (pernas) rege o futuro, pois é ela que se move, primeiramente, para articular as outras partes. Se você está como medo do que possa lhe acontecer no futuro e evita tomar decisões importantes ou sente-se ameaçado por ter de ir em frente, suas pernas, certamente, terão problemas. Se seus pensamentos estiverem fortemente confusos, gerando indecisões e conflitos a ponto de você não conseguir controlar-se, poderá ocorrer desequilíbrio das pernas ou entorses nas articulações. Se a sua panturrilha é fina, uma das razões é porque precisa ser mais corajoso e enfrentar seus medos. Vá em frente, impulsione-se para frente, no futuro, sem precisar de apoio alheio.

– A LOMBAR: as lombares são em número de cinco e correspondem aos Cinco Princípios e aos cinco planos básicos da vida de todo indivíduo, a saber: o casal, a família, o trabalho, a casa e o país (a região). Quando atravessamos uma época em que temos dificuldade para aceitar ou para integrar mudanças que ocorrem nessa área, nossas vértebras lombares e os nossos lumbagos exprimem nosso receio não consciente ou nossa recusa quanto a essas mudanças. Muitas vezes, isso acontece porque elas transformam nossos hábitos ou as nossas referências e porque é difícil de ser aceito sem resistência. A lombar também pode nos falar da nossa dificuldade para aceitar os questionamentos, especialmente no meio familiar e profissional. Temos dificuldade para mudar de posição, de atitude relacional.

– A CIÁTICA: é um pinçamento do nervo ciático na saída da coluna vertebral, no nível lombar. Ela corresponde à mesma trama da lombar, no entanto há uma “precisão” a mais. A lombar é uma dor de certa “zona” que fala de uma sensação global, enquanto a ciática é uma sensação mais precisa que exprime, além disso, nossa dificuldade de abandonar alguns dos nossos antigos esquemas quando ocorrem essas mudanças. A ciática segue o trajeto do meridiano da Bexiga, que gera, no nível energético, a eliminação das velhas memórias. Logo, estamos falando das tensões ligadas à aceitação de mudanças em um dos cinco planos da vida já citados, causadas pela nossa dificuldade para abandonar nossas crenças ou hábitos antigos, nossos esquemas ou maneira de pensar, lugares onde encontramos algum equilíbrio, e os hábitos de vida material ou psicológica cujo conforto pudesse nos parecer suficiente.

– A ENXAQUECA E AS DORES DE CABEÇA: elas representam nossa dificuldade para aceitar alguns pensamentos, ideias ou sentimentos que nos incomodam ou nos constrangem. O estresse, a contrariedade, o fato de remoer ou a exploração de ideias indesejáveis ou de constrangimentos exteriores – são muitas as tensões que se manifestam através das dores de cabeça ou da enxaqueca. Quando segue um trajeto pelos lados da cabeça, partindo da nuca para as temporas ou do lado dos olhos, quando não for diretamente no olho, trata-se de uma enxaqueca dita “hepato-biliar”. Ela significa que a tensão é, de preferência de ordem afetiva, ou que a vivência da situação está no nível afetivo, que o ser está em questão. Ela está relacionada sobretudo ao mundo familiar ou íntimo. Quando as dores de cabeça são frontais, muitas vezes exprimem uma recusa de pensamentos, uma teimosia no que diz respeito às ideias atuais incorporadas. Elas estão relacionadas com o mundo profissional ou social, e com a exigência desses quanto a nós.

(baseado no livro “Diga-me Onde Dói e Eu Te Direi Por Quê” de Michael Odoul e no livro “O Corpo Fala” de Cristina Cairo, onde há mais exemplos)

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